“Presença física” e “função institucional” não são crime, diz defesa de Cid

A defesa do tenente-coronel Mauro Cid, por meio do advogado Cezar Bitencourt, afirmou, nesta terça-feira (2), que não há provas contra o militar no processo que apura trama golpista.

De acordo com o advogado, a presença física de Cid em reuniões e sua atuação profissional como ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL) não configuram crime.

“O que temos aqui? Presença física e função institucional. Só isso. Mas isso não é crime, nem aqui, nem na China”, afirmou aos ministros do STF (Supremo Tribunal Federal).

Pereira diz que a Procuradoria-Geral da República confunde o vínculo profissional de Cid com Bolsonaro com uma “conduta criminosa”.

“O que efetivamente está nos autos é que o Mauro Cid jamais elaborou, compartilhou, insinuou qualquer conteúdo, que não há sequer uma única mensagem de sua autoria propondo, incentivando ou validando qualquer atentado contra a democracia ou contra o sistema eleitoral”, diz.

A defesa afirmou ainda que ninguém pode ser punido por “conexões abstratas com quem praticou o crime” e pediu que o acordo de delação premiada seja mantido e tenha benefícios confirmados.

O advogado realiza sustentação oral neste primeiro dia de julgamento do núcleo 1 no processo sobre uma suposta tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022.

Nas alegações finais, a PGR apontou que Mauro Cid foi peça-chave na tentativa de golpe de Estado. Segundo a acusação, o ex-ajudante de ordens combinava acesso privilegiado, autonomia e confiança direta de Bolsonaro, o que lhe conferiu papel central na trama da organização criminosa.

A acusação diz ainda que Cid participou da disseminação de desinformação sobre as urnas eletrônicas, coordenou reuniões com militares de alta patente e civis, articulou estratégias de ruptura institucional com uso das Forças Armadas e intermediou contatos entre Bolsonaro e financiadores de atos antidemocráticos.

Quem são os réus do núcleo 1?

Além do ex-presidente Jair Bolsonaro, o núcleo crucial do plano de golpe conta com outros sete réus:

•⁠ ⁠Alexandre Ramagem, deputado federal e ex-diretor-geral da Abin (Agência Brasileira de Inteligência);
•⁠ ⁠Almir Garnier, almirante de esquadra que comandou a Marinha no governo de Bolsonaro;
•⁠ ⁠Anderson Torres, ex-ministro da Justiça de Bolsonaro;
•⁠ ⁠Augusto Heleno, ex-ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional) de Bolsonaro;
•⁠ ⁠Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro;
•⁠ ⁠Paulo Sérgio Nogueira, general e ex-ministro da Defesa de Bolsonaro; e
•⁠ ⁠Walter Souza Braga Netto, ex-ministro da Defesa e da Casa Civil no governo de Bolsonaro, candidato a vice-presidente em 2022.

Por quais crimes os réus estão sendo acusados?

Bolsonaro e o outros réus respondem na Suprema Corte a cinco crimes. São eles:

•⁠ ⁠Organização criminosa armada;
•⁠ ⁠Tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito;
•⁠ ⁠Golpe de Estado;
•⁠ ⁠Dano qualificado pela violência e ameaça grave;
•⁠ ⁠Deterioração de patrimônio tombado.

A exceção fica por conta de Ramagem. No início de maio, a Câmara dos Deputados aprovou um pedido de suspensão a ação penal contra o parlamentar. Com isso, ele responde somente aos crimes de organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado.

Cronograma do julgamento

Foram reservadas pelo ministro Cristiano Zanin, presidente da Primeira Turma, cinco datas para o julgamento do núcleo crucial do plano de golpe. Veja:

•⁠ ⁠2 de setembro, terça-feira: 9h às 12h (Extraordinária) e 14h às 19h (Ordinária)
•⁠ ⁠3 de setembro, quarta-feira: 9h às 12h (Extraordinária)
•⁠ ⁠9 de setembro, terça-feira: 9h às 12h (Extraordinária) e 14h às 19h (Ordinária)
•⁠ ⁠10 de setembro, quarta-feira, 9h às 12h (Extraordinária)
•⁠ ⁠12 de setembro, sexta-feira, 9h às 12h (Extraordinária) e 14h às 19h (Extraordinária)

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