Lula ensaia aproximação com a direita sul-americana em meio a pressão de Trump e busca por novos aliados

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu na segunda-feira (18), no Palácio do Planalto, o presidente do Equador, Daniel Noboa. O encontro marca a retomada das relações bilaterais entre os dois países e ocorre em um momento em que o governo brasileiro busca diversificar parcerias políticas e comerciais diante da pressão dos Estados Unidos. A gestão de Donald Trump elevou recentemente tarifas sobre produtos brasileiros em 50% e ampliou críticas à política nacional. No Planalto, a leitura é de que o republicano tenta isolar o Brasil e influenciar o cenário político regional.

Para contrabalançar esse movimento, Lula tem intensificado contatos com governos de diferentes orientações ideológicas, incluindo lideranças de direita na América do Sul. A aproximação de Noboa com Trump — sobretudo na segurança pública — chama atenção no cenário diplomático. Apesar disso, Lula tem afirmado que não pretende pautar a relação do Brasil com o Equador por afinidades ou divergências ideológicas, mas sim por interesses práticos entre os dois países. “Diferenças políticas não devem se sobrepor ao objetivo maior de construir uma região forte e próspera”, disse o petista.

Durante a reunião com Noboa, foram assinados memorandos de cooperação em áreas como combate à fome, agricultura sustentável, inteligência artificial e combate às organizações criminosas. O Brasil prometeu reabrir a adidância da Polícia Federal em Quito e reforçar operações conjuntas contra contrabando de armas e facções que atuam em prisões.

Lula destacou ainda o potencial da parceria no campo ambiental e energético, lembrando que Brasil e Equador possuem matrizes majoritariamente renováveis e compartilham responsabilidades sobre a Amazônia. Noboa, por sua vez, afirmou que divergências ideológicas ficaram no passado e defendeu que os países latino-americanos busquem soluções conjuntas para problemas sociais e de segurança. No comércio, o Brasil teve em 2024 um superávit de cerca de US$ 850 milhões na relação com o Equador, dentro de uma corrente de US$ 1,1 bilhão. Lula disse que pretende ampliar e equilibrar as trocas, o que pode abrir espaço para mais exportações equatorianas de banana e camarão.

A aproximação com Noboa faz parte de uma agenda mais ampla. Ainda neste mês, Lula deve receber o presidente do Panamá, José Raúl Mulino, e se preparar para encontros com líderes da África e da Ásia. Paralelamente, planeja lançar em Nova York uma conferência internacional em defesa da democracia e da soberania, em resposta às pressões externas. Com esse movimento, o governo brasileiro tenta reduzir a dependência econômica e política em relação aos Estados Unidos e fortalecer sua posição regional em um cenário marcado por disputas ideológicas e tensões comerciais.

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