O governo do Benin afirmou no domingo (7) que suas forças armadas frustraram uma tentativa de golpe de Estado, após um grupo de soldados do país da África Ocidental ter reivindicado, em rede nacional de televisão, a tomada do poder.
A tentativa de golpe foi a mais recente ameaça ao regime democrático na região, onde os militares tomaram o poder nos últimos anos nos países vizinhos do Benim, Níger e Burkina Faso, bem como no Mali, na Guiné e, apenas no mês passado, na Guiné-Bissau.
Pelo menos oito soldados, vários usando capacetes, apareceram na televisão estatal na manhã de domingo (7) para anunciar que um comitê militar liderado pelo coronel Tigri Pascal havia assumido o poder e estava dissolvendo as instituições nacionais, suspendendo a constituição e fechando as fronteiras aéreas, terrestres e marítimas.
“O exército se compromete solenemente a dar ao povo beninense a esperança de uma era verdadeiramente nova, onde prevaleçam a fraternidade, a justiça e o trabalho”, dizia um comunicado lido por um dos soldados.
No entanto , o Ministro do Interior, Alassane Seidou, afirmou em comunicado algumas horas depois que as forças armadas do país da África Ocidental haviam frustrado a tentativa de golpe.
“Portanto, o governo insta a população a continuar com suas atividades normalmente”, disse ele.
O ministro das Relações Exteriores, Olusegun Adjadi Bakari, havia declarado anteriormente à Reuters que “um pequeno grupo” de soldados tentou derrubar o governo, mas que as forças leais ao presidente Patrice Talon estavam trabalhando para restabelecer a ordem. Ele afirmou que os golpistas só conseguiram assumir o controle da TV estatal.
Tiroteios em vários bairros
No início da manhã de domingo (7), foi possível ouvir tiros em vários bairros de Cotonou, a maior cidade e centro econômico do país, enquanto moradores tentavam chegar à igreja.
A embaixada francesa informou no Facebook que foram relatados tiroteios perto da residência de Talon em Cotonou e pediu aos cidadãos que permanecessem em casa.
A tentativa de golpe ocorreu enquanto o Benin se preparava para uma eleição presidencial em abril, que marcaria o fim do mandato do atual presidente Talon, no poder desde 2016.
Em sua declaração televisionada, os soldados mencionaram a deterioração da situação de segurança no norte do Benin, “juntamente com o descaso e a negligência para com nossos irmãos de armas caídos”.
Atribui-se a Talon a revitalização do crescimento econômico, mas o país também tem testemunhado um número crescente de ataques de militantes jihadistas que causaram estragos no Mali e em Burkina Faso.
Em abril, o governo do Benim afirmou que 54 soldados foram mortos em um ataque no norte do país, realizado por um grupo afiliado à Al Qaeda.
No mês passado, o Benim adotou uma nova constituição que estendeu o mandato presidencial de cinco para sete anos, numa ação que os críticos consideraram uma manobra da coligação governante para concentrar poder, tendo nomeado o Ministro das Finanças, Romuald Wadagni, como seu candidato.
O partido Democratas, da oposição, fundado pelo antecessor de Talon, Thomas Boni Yayi, viu seu candidato proposto ser rejeitado devido ao que um tribunal considerou apoio insuficiente dos legisladores.

