O governo federal, por meio da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), anunciou nesta segunda-feira (1) a destinação de mais R$ 300 milhões para operações de Contratos de Opção de Venda (COV) de arroz.
O objetivo da ação é sinalizar ao mercado preços mais justos ao produtor. Com esse volume de recursos, será possível garantir contratos para, aproximadamente, 200 mil toneladas da safra 2025/2026. O anúncio foi feito pelo presidente da estatal, Edegar Pretto, durante a 48ª Expointer, que acontece até o próximo domingo (7), em Esteio, no Rio Grande do Sul.
Segundo Pretto, o mecanismo funciona como um seguro de preços ao produtor. Na prática, quem aderir ao COV garante o direito — e não a obrigação — de vender arroz ao governo por um valor previamente fixado, que deve estimular a produção. Assim, caso o mercado ofereça um preço mais vantajoso no momento da venda do produto, o produtor poderá optar por não executar o contrato com a Conab, sem custos adicionais, e aproveitar o melhor preço.
“É a mão amiga do governo federal sinalizando, antes mesmo da semeadura, a opção de venda por um preço que viabiliza economicamente o cultivo de arroz, permitindo que o produtor possa fazer o planejamento da sua lavoura, com a segurança de que terá uma remuneração adequada na comercialização do produto. Caso ele opte por vender ao governo, o arroz irá para os estoques públicos, e contribuirá para o abastecimento alimentar”, afirma Pretto.
Terceira rodada dos contratos
Os detalhes da operação, como os preços a serem pagos aos produtores e as datas de negociação e vencimento dos contratos, serão definidos pelo governo federal e publicados em Portaria Interministerial e editais da Conab.
Esta é a terceira rodada de COV lançada pela Conab em apoio aos produtores de arroz em menos de um ano, com a mobilização de recursos, até agora, na ordem de R$ 1,5 bilhão.
No final de 2024, a estatal já havia anunciado quase R$ 1 bilhão em contratos de opção, somando até 500 mil toneladas da safra 2024/2025. Em uma ação preventiva, em que a Conab previa um cenário de oferta abundante, a estatal sinalizou um preço acima de R$ 87 pela saca de 50 quilos de arroz em casca. Naquela ocasião, 91 mil toneladas foram negociadas e parte já está incorporada aos estoques públicos.
Em junho deste ano, a Conab lançou uma segunda rodada de COV, com o objetivo de sinalizar melhores preços aos produtores frente à queda dos preços na comercialização da atual safra, sendo que entre outubro de 2024 e junho de 2025, a média estadual de mercado caiu mais de 42% e chegou a ser de R$ 65,46 para a saca de 50 quilos.
De acordo com Pretto, nesta segunda rodada, os preços sinalizados pelo governo foram de cerca de R$ 74, e houve grande adesão, tanto que quase 100% dos contratos foram vendidos, o que equivalente a 109,2 mil toneladas.
Segundo ele, o arroz dos estoques públicos pode ser utilizado pela Conab para abastecer a população em situações de crise ou emergência, além de evitar oscilações bruscas e manter preço justo ao consumidor.
Pagamento aos produtores de arroz
Durante o evento, a Conab fez o pagamento a agricultores que executaram contratos da primeira rodada de COV, em 2024, e foi assinada a intenção de fornecimento de arroz ao governo por meio da segunda rodada de COV, realizada este ano.
Responsável por cerca de 70% da produção nacional, o Rio Grande do Sul é o maior produtor de arroz do país. De acordo com o 11º Levantamento da Safra de Grãos 2024/2025, divulgado recentemente pela Conab, o estado colheu 8,3 milhões de toneladas, aumento de 15,9% em relação à safra anterior. No Brasil, a produção foi estimada em 12,3 milhões de toneladas, alta de 16,5%.