As críticas à utilização do gramado sintético, que ganharam força na última semana, tiveram uma resposta nesta quinta-feira (11). O Palmeiras, juntamente com outros clubes que têm a grama artificial em suas arenas, se posicionou por meio de nota para defender o uso do piso nas competições. “Diante das recentes declarações públicas sobre a utilização de gramados sintéticos no futebol brasileiro, Athletico Paranaense, Atlético-MG, Botafogo, Chapecoense e Palmeiras reafirmam sua posição em defesa dessa tecnologia, adotada de formar responsável e regulamentada”, diz a nota conjunta, que foi publicada nas redes sociais.
Alvo de protestos de jogadores – e também do Flamengo -, os gramados sintéticos podem ter a presença ampliada no Campeonato Brasileiro de 2026. Isso porque além de Palmeiras (Allianz Parque), Botafogo (Nilton Santos) e Atlético-MG (Arena MRV), o Athletico Paranaense (Ligga Arena) e a Chapecoense (Arena Condá) retornaram à elite do futebol e também dispõem de piso artificial. O Vasco (com reforma prevista em São Januário), vai mandar seus duelos na casa botafoguense.
Em entrevista coletiva na última terça-feira, em Doha, no Catar, onde está com o time carioca para a disputa da Copa Intercontinental, o técnico Filipe Luís voltou a fazer um discurso contrário aos gramados sintéticos. “Que campeonato da Europa tem seis clubes que vão jogar no campo sintético? Isso desvaloriza o produto, faz com que menos espectadores ao redor do mundo queiram assistir (aos jogos). Para a saúde dos atletas, o ideal é que eles joguem em gramados naturais de boa qualidade”, afirmou o comandante, que reforçou a sua linha de pensamento destacando a qualidade do campo da final da Libertadores e também dos estádios do Catar a fim de justificar a sua opinião.
“Na final da Libertadores, em Lima, uma cidade que quase não chove, talvez tenha sido o melhor gramado onde jogamos no ano. Aqui, não entrei no estádio ainda, mas tenho certeza que encontraremos um campo nas melhores condições”.
A polêmica em torno do tema ganhou força e vai ter um cuidado especial da CBF. A maior prova disso é que a entidade vai montar uma equipe para discutir outro assunto: a qualidade dos gramados dos estádios, incluindo os sintéticos. Uma das ideias no radar da entidade é tentar definir um novo parâmetro geral e, a partir dele, estabelecer uma janela larga, com incentivos, para que os clubes se adaptem.
Neste ano, Neymar, Thiago Silva e Lucas Moura lideraram um movimento de jogadores contra o gramado sintético, que vive sob ataque de dirigentes, técnicos e atletas. Eles foram os responsáveis por uma articulação que resultou em uma campanha divulgada nas redes sociais para que as partidas não mais sejam disputadas em pisos artificiais.
O Flamengo é o clube mais enfático entre os que abriram uma cruzada contra o sintético, tanto que defende publicamente o fim do uso do piso artificial em competições oficiais. O presidente do clube rubro-negro, Luiz Eduardo Baptista, o Bap, considera que a grama sintética provoca desequilíbrio financeiro entre os times e “prejudica a saúde física de jogadores e atletas”.
O clube propôs à CBF que incluísse a proibição de jogar no campo artificial no projeto de fair play financeiro. A ideia foi rejeitada pela confederação. Mas Bap tem insistido com cartolas que comandam a entidade consideram criar um grupo de trabalho para avaliar o tema, embora não seja uma demanda prioritária.
Veja a nota completa
“Diante das recentes declarações públicas sobre a utilização de gramados sintéticos no futebol brasileiro, Athletico Paranaense, Atlético, Botafogo, Chapecoense e Palmeiras reafirmam sua posição em defesa dessa tecnologia, adotada de forma responsável, regulamentada e alinhada às melhores práticas internacionais. Em primeiro lugar, é imprescindível reconhecer que não existe padronização de gramados no Brasil. Ignorar esse fato e direcionar críticas exclusivamente aos gramados sintéticos reduz um debate complexo a uma narrativa simplificada, injusta e tecnicamente equivocada.
Também reiteramos que um gramado sintético de alta performance supera, em diversos aspectos, os campos naturais em más condições presentes em parte significativa dos estádios do país. É igualmente importante esclarecer que não há qualquer estudo científico conclusivo que comprove aumento de lesões provocado pelos gramados sintéticos modernos.
O tema da qualidade dos gramados é legítimo, saudável e necessário. Porém, deve ser conduzido com responsabilidade, dados objetivos e conhecimento técnico, e não com narrativas que distorcem a realidade, desinformam o público e desconsideram a complexidade do assunto.”

