Calor e apagões: o desafio de manter a comida fresca no verão

Com a chegada do verão e das festas de fim de ano, um inimigo invisível ameaça as despensas e as gôndolas dos supermercados: o calor excessivo. O aumento das temperaturas não apenas sobrecarrega o sistema elétrico, como coloca em xeque a conservação dos alimentos, elevando o risco de desperdício e prejuízos financeiros.

Para os supermercados, o período é de alerta máximo. Segundo a plataforma de inteligência de dados NEO Estech, os sistemas de refrigeração chegam a representar 70% do consumo de energia de uma loja nesta época. O esforço das máquinas é multiplicado por três fatores críticos:

  1. Temperaturas externas elevadas: O motor precisa trabalhar mais para manter o frio interno.
  2. Superlotação: Geladeiras cheias dificultam a circulação do ar.
  3. Fluxo de clientes: A abertura constante de portas dissipa o ar gelado.

“Períodos de alta demanda como este são um verdadeiro teste energético para as empresas”, afirma Sami Diba, CEO do NEO Estech. Segundo ele, o calor externo, as geladeiras lotadas e o aumento de circulação provocam um efeito em cadeia: os equipamentos perdem eficiência, o desgaste se acelera e as manutenções emergenciais tendem a aumentar

Dados da Associação Brasileira de Supermercados (Abras) revelam que as perdas no setor giram em torno de 1,8% do faturamento. O dado mais alarmante é que 68% dessas perdas são causadas pela chamada “quebra operacional”, que inclui falhas técnicas e problemas de conservação.

O drama doméstico: o fator apagão

Se no varejo o desafio é técnico, para o consumidor comum o problema ganhou contornos dramáticos com os recentes apagões em São Paulo. A falta de energia prolongada transformou geladeiras em “armários quentes”, forçando paulistanos a descartarem quilos de comida.

Diferente dos supermercados, que muitas vezes possuem geradores, as residências ficam vulneráveis. Sem eletricidade, a temperatura interna dos eletrodomésticos sobe rapidamente, atingindo a “zona de perigo” (entre 5°C e 60°C), onde as bactérias se multiplicam aceleradamente, tornando carnes e laticínios impróprios para o consumo em poucas horas.

Como prevenir o desperdício?

Especialistas e engenheiros apontam que a eficiência depende de medidas preventivas e organização inteligente, tanto no comércio quanto em casa:

  • Circulação de ar: Nunca bloqueie as saídas de ar da geladeira com excesso de produtos. O ar frio precisa circular para manter a temperatura homogênea.
  • Vedação: Verifique o estado das borrachas das portas. Se houver frestas, o equipamento gastará mais energia e não resfriará corretamente.
  • Monitoramento: No varejo, o uso de sensores inteligentes pode reduzir em até 15% o consumo de energia, antecipando falhas antes que o alimento estrague.
  • Em caso de falta de luz: Mantenha a porta da geladeira fechada o máximo de tempo possível. Uma geladeira fechada mantém a temperatura por cerca de 4 horas; um freezer cheio pode segurar o gelo por até 48 horas.

O combate ao desperdício no verão é uma combinação de tecnologia e hábitos simples. Em um cenário de instabilidade climática e energética, o cuidado com a refrigeração deixa de ser apenas uma questão de economia e passa a ser uma prioridade de segurança alimentar.

Guia de segurança alimentar: o que fazer no apagão

Quando a energia acaba, o cronômetro começa a correr. O objetivo principal é manter os alimentos fora da “Zona de Perigo” (temperaturas acima de 5°C), onde as bactérias se multiplicam rapidamente.

1. Prazos de Segurança (Portas Fechadas)

Se você mantiver a geladeira fechada, os alimentos estarão seguros por:

  • Geladeira: Até 4 horas.
  • Freezer (meio cheio): Até 24 horas.
  • Freezer (totalmente cheio): Até 48 horas (os alimentos congelados funcionam como blocos de gelo entre si).

2. O que descartar após 4 horas sem luz?

Se a energia não voltou e você não tem gelo extra, descarte os seguintes itens se estiverem acima de 5°C:

3. A regra de ouro: “Na dúvida, jogue fora”

Nunca experimente um alimento para saber se ele está estragado. As bactérias que causam intoxicação alimentar grave muitas vezes não alteram o cheiro, a cor ou o sabor da comida.

4. Como salvar o que restou?

  • Agrupe os alimentos: No freezer, junte todos os pacotes congelados. Isso mantém o frio por mais tempo.
  • Gelo seco ou blocos de gelo: Se souber que o apagão será longo, tente comprar gelo para colocar em caixas térmicas com os itens mais caros (carnes e laticínios).
  • Termômetro: Se tiver um termômetro de cozinha, verifique a temperatura interna da carne. Se estiver acima de $5°C$ por mais de duas horas, o descarte é o caminho mais seguro.

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