A economia brasileira desacelerou no terceiro trimestre de 2025, com avanço de apenas 0,1% em relação ao trimestre anterior, segundo dados divulgados pelo IBGE. O resultado confirma a perda de ritmo após o impulso inicial da safra agrícola recorde e ocorre em meio a juros elevados, tarifaço dos EUA e desempenho desigual entre os setores. Pela ótica da produção, Agropecuária (0,4%) e Indústria (0,8%) registraram alta, enquanto os Serviços — maior setor da economia — ficaram praticamente estáveis (0,1%). No trimestre, o PIB somou R$ 3,2 trilhões.
A Indústria cresceu 0,8%, puxada por extrativas (1,7%), construção (1,3%) e transformação (0,3%). Já eletricidade, gás e saneamento recuaram 1%. Nos Serviços, houve altas em transporte (2,7%), informação e comunicação (1,5%), atividades imobiliárias (0,8%) e comércio (0,4%). O setor financeiro foi o principal freio, com queda de 1%. O consumo das famílias variou 0,1%, enquanto os gastos do governo avançaram 1,3%. A Formação Bruta de Capital Fixo — indicador de investimentos — cresceu 0,9%. No comércio exterior, exportações subiram 3,3% e importações, 0,3%.
Na comparação anual, o PIB avançou 1,8%. A Agropecuária foi o destaque, com salto de 10,1% devido à forte produção de milho, algodão, laranja e trigo. A Indústria cresceu 1,7% e os Serviços, 1,3%. As exportações tiveram desempenho robusto (7,2%), impulsionadas por óleo e gás, veículos e produtos agrícolas. No acumulado dos 12 meses até setembro, a economia cresceu 2,7%, com alta disseminada entre Agropecuária, Indústria e Serviços. A taxa de investimento ficou em 17,3% do PIB e a taxa de poupança, em 14,5%.
O resultado veio abaixo das projeções do mercado, que esperava 0,2%. A manutenção da Selic em 15% ao ano limita investimentos e consumo, enquanto parte das exportações foi afetada pelas sobretaxas impostas pelos EUA no terceiro trimestre. Apesar disso, o mercado de trabalho segue aquecido, com desemprego em queda e renda em alta, o que ameniza o impacto dos juros.
O Focus projeta crescimento de 2,16% para 2025; o Ministério da Fazenda prevê 2,2%. Ambas indicam desaceleração em relação a 2024 (3,4%). Para 2026, o mercado espera avanço de 1,78%. Analistas apontam que políticas de estímulo têm sustentado o PIB, mas alertam para o risco fiscal e para incertezas sobre medidas econômicas em ano pré-eleitoral.

