Os juros altos têm um custo que vai muito além dos números dos boletins econômicos. Eles limitam o crédito, freiam o consumo, inibem o investimento produtivo e comprometem a geração de empregos. Em outras palavras: travam o Brasil.
Na prática, a política monetária restritiva tem impedido que famílias e empresas avancem. Para o setor produtivo, o impacto é direto — menos acesso a capital de giro, projetos parados e perda de competitividade. Para os trabalhadores, o resultado é a desaceleração da economia e a redução das oportunidades de renda.
“Não existe crescimento sustentável com juros estratosféricos. Não há espaço para inovação, reindustrialização e crédito acessível. O que se vê é a paralisia dos investimentos produtivos, com sequelas para toda a sociedade”, afirma Ricardo Alban, presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI).
O custo do dinheiro caro
Hoje, o Brasil mantém uma das maiores taxas de juros reais do mundo. Essa diferença entre o custo do crédito e a rentabilidade da economia gera um desequilíbrio que afeta todos os elos da sociedade. Empresas adiam investimentos. Famílias postergam compras. O governo vê a arrecadação cair. O círculo virtuoso do crescimento se transforma em um ciclo de estagnação.
De acordo com levantamentos da CNI, o encarecimento do crédito e a queda da demanda interna estão entre os principais fatores que reduziram o desempenho da indústria em 2024 — cenário que, se mantido, pode comprometer a recuperação econômica nos próximos anos.
Um pacto pelo futuro
Para romper esse impasse, a CNI propõe o Pacto Brasil +25 — uma agenda nacional de desenvolvimento com horizonte de 25 anos.
A iniciativa busca mobilizar governo, setor produtivo e sociedade em torno de um objetivo comum: construir condições sustentáveis para o crescimento, conciliando estabilidade fiscal e expansão econômica.
O pacto propõe a criação de metas fiscais de longo prazo, reformas estruturantes e políticas de Estado que garantam previsibilidade, confiança e estímulo à produção. O objetivo é harmonizar o equilíbrio das contas públicas com a promoção de investimentos, inovação e empregos.
“O país precisa de uma estratégia para o futuro, não de uma política monetária que nos mantém prisioneiros do passado”, reforça Alban.
Equilíbrio e crescimento andam juntos
A redução sustentável da taxa Selic — a taxa básica de juros da economia brasileira — é parte essencial dessa estratégia. Quando o custo do crédito cai, os investimentos aumentam, o consumo se recupera e o PIB reage. Essa dinâmica gera mais empregos e amplia a arrecadação, fortalecendo as contas públicas — um ciclo virtuoso que beneficia toda a sociedade.
O Pacto Brasil +25 propõe exatamente isso: um consenso em torno de políticas econômicas estáveis, previsíveis e voltadas ao desenvolvimento de longo prazo.
Destravar o Brasil é um compromisso coletivo
O desafio de tornar o país mais produtivo, competitivo e inclusivo não cabe a um único setor. É uma tarefa de todos: governos, empresas, trabalhadores e cidadãos.
Reduzir os juros de forma responsável é o primeiro passo para abrir espaço ao investimento, à inovação e à prosperidade compartilhada.
“O Brasil precisa de uma nova visão — uma visão que reposicione o Banco Central e reoriente as políticas públicas para a responsabilidade, a racionalidade e, sobretudo, para o compromisso com o desenvolvimento nacional”, conclui o presidente da CNI.
